quarta-feira, 1 de julho de 2009

Nulla Dies Sine Linea

Frase de Plínio, o Velho.
E daí ?
Quem foi Plínio, o Velho ?
Uma das personagens mais surpreendentes da História, na minha avaliação.
Por volta de uns setenta anos após o nascimento de Jesus, Plínio, da aristocracia romana, entregou ao futuro imperador Tito uma das obras de maior fôlego que um único ser humano produziu: a Historia Naturallis, um incrível compêndio de assuntos ligados à Natureza, em 37 volumes de mais ou menos 500 páginas cada um...ufa  !
Não precisa ser dito que, naquela época não havia o Word. Nem máquina de datilografia. Plínio, ou Gaius Plinius, em bom latim, gastou a pena mesmo.
Não é de se estranhar que seu lema fosse Nulla dies sine linea, ou, em bom Português, "nenhum dia sem uma linha". Plínio deve ter escrito muito.
Outra característica de Plínio era ser um militar exemplar. Foi almirante, ou uma espécie de almirante, já que os romanos não tinham Exército, Marinha e muito menos Aeronáutica. Com este cargo viajou o mundo inteiro em sua breve vida de 56 anos. Bem, o mundo como conhecemos hoje inteiro, não. Plínio conheceu tudo o que cerca o Mediterrâneo, algo muito próximo de "mundo todo" naquela época.
Pois bem, mesmo com esse vasto conhecimento, Plínio teve uma morte surpreendente. Morador de Pompéia, Plínio, depois de escrever a Historia Naturallis, resolveu prestar atenção ao Vesúvio. E não é que resolveu fazer uma expedição exploratória bem no dia em que o velho vulcão resolveu se irritar?
Na famosa erupção de 77 d.C., Plínio estava subindo o Vesúvio...isso mesmo !!! Não é irônico que alguém que se esmere em conhecer a Natureza cometa um erro crasso desses ?
Ele não morreu de imediato. Prescindindo o perigo, e talvez a temperatura em alta, desceu rapidinho e tentou pegar um barco, com meia dúzia de colaboradores, mas era tarde demais, a nuvem de fumaça e o pó da erupção eram mais rápidos e lá se foi Plínio, junto com a população de Pompéia quase toda.
O que isso tem a ver comigo, com você ( que está dedicando tempo e atenção a uma história bobinha como essa), e com quem nos rodeia ?
Simples.
Mesmo escrevendo muito sobre um monte de coisas, Plínio desconhecia o fenômeno dos vulcões, e como essas montanhas fumegantes se comportam inesperadamente. E ele era praticamente vizinho de um !!!
Ou seja, por mais que estudemos, aprendamos e tentemos escrever sobre assuntos variados, por muitas vezes, desconhecemos o que está ao lado. 
Palpitar sobre o que está distante é fácil. Conhecer e entender o que está bem perto, nem sempre.
Mas deixemos o velho descansar em paz, porque sua herança para a Humanidade foi valiosa. Até no seu maior erro.

2 comentários:

  1. Brilhante. O único problema é que é preciso ter alguns neurônios para aproveitar o texto até o fim. Enfim, a diferença entre comunicação de massa e comunicação de nicho.

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  2. Adorei essa historinha do Gaius Plinius, muito interessante, é isso mesmo, nos preocupamos com tantas coisas q muitas vzs nos esquecemos do que está ao nosso lado.
    Não conheço o seu lado engenheiro mas adoro o seu lado escritor, já te falei, vc é meu consultor sobre assuntos aleatórios. Vc merece ter um coluna em qq jornal periódico, iria deliciar milhões de leitores com seus pensamentos, com certeza!
    Lusia

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