terça-feira, 30 de junho de 2009

Moribundo de Fogo

Fora Sarney.
O grito ecoa dos tapetes do Congresso até os 140 caracteres dos twitters. 
Mas, não estou sensibilizado. Nunca votei em Sarney nem em ninguém de sua família. Isso me parece prerrogativa dos maranhenses e dos amapaenses, se minhas noções básicas de "História da Democracia Recente no Brasil" estão corretas.
Nem quando o José, o pai, o patriarca, foi Presidente, eu votei nele. Ele era vice de um cidadão eleito indiretamente. E seu período presidencial,  esticado de uma forma para a qual também não contou com meu voto, não deixou saudade.
Eu não votei em Sarney para a Academia Brasileira de Letras. Não votei em Roseana para nada. De Sarney Filho, confesso que só soube de sua atuação no Congresso há poucos dias. O mais próximo que cheguei de um Sarney foi do Zequinha, no Bracarense. Mesmo assim, fui apresentado ao filhote de oligarca, e nem dividi porção de bolinho de bacalhau com ele.
Logo, ele, o Sarney mais velho, o do bigode, que foi Presidente, estar lá no Congresso é algo que não me diz o menor respeito. Ainda mais Presidente do Senado !!! Aí que não tenho nada com isso mesmo...
Talvez eu deva estar preocupado com o Senado todo, e com o Congresso todo e com as instituições brasileiras todas. Isso sim, pode me preocupar. 
E no que isso mudará se Sarney, o imortal da ABL, o do bigode, ele mesmo, for defenestrado da Presidência do Senado ?
Nada, absolutamente nada.
Só uma coisa me deixa curioso para ver o fim desta história.
Para mim, Sarney, o pai, o ex-governador biônico do Maranhão, o ex-Presidente da Arena, hoje apoiado pelo PT, é espécie em extinção. Suas atuais tentativas de se apegar ao "Pudê", seja Federal, seja no Maranhão, seja no Amapá, me parecem manobras de capitães hereditários, para deixar migalhas para filhos, netos e apaniguados. Ele mesmo, Sarney, o velho, o imortal da ABL, está na flor do seu ocaso total. Em breve sobrará para ele os chazinhos entre imortais e um cargo figurativo qualquer. Estou realmente me lixando para o Sarney. O do bigode, o velho, que fique claro.
Mas, voltando ao assunto, o que me deixa curioso é porque tem gente que não está. O cara está liquidado !!! Exterminar o clã todo deve demorar umas duas gerações mesmo, mas ele, Sarney, o ex-vice que assumiu pelas mãos de Ulysses e do Supremo, está moribundo.
Mas deve ser um moribundo com capacidade de provocar alguns problemas, se não, não tinha tanta gente se preocupando.
Um moribundo de fogo !!!

segunda-feira, 29 de junho de 2009

O vira do Lúcio

Continuo achando a Seleção Brasileira um belo time. Mas nada que me encha os olhos. Há um toque de bola correto, com a gorduchinha correndo sempre no chão. O time tem jogadores bons, como o Kaká, o Luís Fabiano, o Julio Cesar. Mas tem mascarados, como o Robinho. Tem também uns caras que são ponto de interrogação, tipo Felipe Melo e Gilberto Silva. E falta gente na lateral-esquerda e um sujeito no meio-campo que jogue um pouquinho mais que Elano e Ramires, artigo meio raro hoje em dia.
Contra os Estados Unidos, todos lembrarão do segundo tempo. Realmente, o Brasil fez um belo segundo tempo, mas muito por conta de um gol aos 40 seg de jogo. Daí para a frente, o Brasil jogou e o time dos Estados Unidos não acreditou na vitória.
Mas me irritou profundamente os créditos dados ao Lúcio. Tudo bem, o cara grita, tem personalidade e fez o terceiro gol, numa bela cabeçada. Mas, vejamos...quem falhou no primeiro gol dos ianques ? Ele, Lúcio. Quem subiu desesperadamente ao ataque e possibilitou o segundo gol ianque? Um monte de gente, incluindo o Lúcio. Quem deu botinadas a não poder mais e tomou um cartão amarelo, que, 5 minutos depois, poderia ter virado um vermelho se o juiz fosse um pouquinho melhor ? Felipe Melo e Lúcio.
Ou seja, Lúcio, no fim das contas, foi vilão e herói. Noves fora, compensou os erros e acertos.
Não confio no estilo do zagueiro. Pelo visto, nem eu nem a comissão técnica do Bayern de Munique. Lúcio foi apontado como um dos responsáveis pela acachapante goleada de 7 a 1 que o Barcelona aplicou no Bayern na Liga dos Campeões. Jogou poucas partidas pelo Campeonato Alemão e foi expulso em metade delas.
E, no entanto, acho que já sei quem será o capitão da Seleção até a Copa e nela mesmo, inclusive. O cara ganhou status de intocável.
Quem está lendo pode achar que estou me baseando no que os jornalistas disseram e escreveram. Sim, em parte.
Mas me baseio numa característica do técnico, Dunga. Contestado, e até ridicularizado em 1990, foi o capitão de 1994. Curiosamente, estava em decadência na Europa, como Lúcio agora. Segurou a chance na Seleção com unhas e dentes. Jogou mal boa parte dos jogos do Brasil nas Eliminatórias, mas na Copa dos Estados Unidos foi mesmo um líder e guardo dois lances dele em que se transformou em figura fundamental: o primeiro foi um lançamento de três dedos para Romário entrar na cara do goleiro e abrir o placar contra Camarões. E o segundo, um lance que pouca gente dá importância, mas foi decisivo: Dunga disputou uma bola no meio-campo na difícil semi-final contra a Suécia, fez a falta no nórdico e caiu, como que sofrendo a falta. O juiz puxou o cartão amarelo para um incrédulo sueco, que, como já tinha um, com o segundo foi mais cedo para o chuveiro. E o jogo, que caminhava para um 0 a 0 no escaldante meio-dia de Pasadena, ficou à feição do Brasil com um jogador a mais e Romário, mesmo medindo meio metro menos que os zagueiros adversários teve perna para cabecear uma bola a 10 minutos do fim e garantir o Brasil na final.
Não descarto Lúcio. O cara até pode jogar na Seleção bem. Mas daí a ser unanimidade...ai...ai...ai....
Mas Dunga vê sua própria história na de Lúcio. Ele deve se lembrar de si mesmo quando observa o Lúcio em campo, não pelo estilo, mas pela falta dele.
A virada de Dunga já é história do futebol brasileiro.
A de Lúcio ainda está começando.
A propósito, dispensado pelo Bayern, Lúcio pode jogar em Portugal. É prudente observar se em vez de viradas na vida, Lúcio não dançará o vira. E mais prudente ainda é que o Dunga observe isso com cautela, porque nome certo na Copa, do time que virou o jogo de ontem contra os Estados Unidos, salvo contingências, só tem Julio Cesar, Kaká, Luís Fabiano, e o uniforme com cinco estrelinhas. Robinho, se a cabeça não der uma "ronaldada", é quase certo.
O resto, precisa se manter bem. Inclusive o técnico. Ou se o jogo ontem terminasse sem a virada, iriam preservar o Dunga ?

domingo, 28 de junho de 2009

A vida é Honduras !!!

A situação em Honduras não deve interessar a ninguém aqui no Brasil, penso eu. Mas eu me interessei.

O caso é o seguinte: o Exército sumiu, repentinamente, com o Presidente Zelaya, eleito em 2005. O sujeito apareceu na vizinha Costa Rica, dizendo que não renunciou e foi seqüestrado. O Exército não assume o golpe, mas informa que o tal Zelaya está foragido na Costa Rica. O Congresso, teoricamente do mesmo partido do deposto Presidente, declarou sede vacante e o atual presidente do Congresso, cujo nome pouco interessa agora, assumiu a Presidência pelo resto do mandato de Zelaya. Mas, antes, Zelaya havia convocado uma “consulta”, que seria realizada hoje (28 de junho) sobre a possibilidade de reeleição do Presidente. Esta consulta foi declarada inconstitucional pelo Judiciário, mas o Executivo , sabe-se  lá como, manteve sua realização, e para hoje mesmo. Na sexta-feira passada (26 de junho), o Exército declarou que não efetuaria a segurança das eleições e da já citada “consulta”. Zelaya destituiu então todo o Estado-Maior do Exército. Os oficiais do Exército entraram com um mandado de segurança na Justiça, que declarou nulo o ato presidencial. E, para resolver a encrenca de vez, resolveram exportar o Presidente. E, ato contínuo, ocupar as ruas, que aliás, salvo uns enroscos que não chegam perto de uma briga entre torcidas de futebol no Brasil, estão calmas.

Tudo muito rápido, como pode ser depreendido, embora seja bastante confuso e muito difícil de saber os detalhes de alguma coisa desta incrível sequência de fatos narrados.

Mas, convenhamos, mandar o Presidente pacificamente e em segurança para outro pais, é, no mínimo, inusitado. E sem uma morte sequer !!!

Bom...numa rápida análise da balança comercial hondurenha, observa-se que 82% das exportações e 81% das importações tem como parceiro os Estados Unidos. Curiosamente, também, o principal item de importação é igual ao principal item de importação: materiais têxteis. Só em segundo lugar nas exportações aparecem as frutas, de forma que não é apropriado chamar Honduras de “banana republic”. Interessante, também observar que 45 % da população do pais é de menores de 15 anos. Estes dados não são chutados. Estão no boletim do Insee, francês.

Independente das reações observadas no high society politico inter- americano, composto por Obama, Chávez, Bachelet, entre outros, que repudiaram o golpe, ao tentar visualizar Honduras, fica fácil perceber que nada poderia ser feito num pais paupérrimo, com maioria de população indígena e mestiça, povoado de crianças, e totalmente dependente da economia norte-americana, se não contasse com o apoio dos...norte-americanos !!!

Que apoio ? Explícito ? Confidencial ? Financeiramente estimulado ? Sei lá, e pouco importa saber, a esta altura. Importante é perceber que seria simplesmente impossível um rito e um contra-rito de jogo de poder tão rápido, sem uma articulação qualquer que preservasse o pais inteiro, o Congresso, o Exército, o Judiciário, e, naturalmente, o atual status quo econômico do pais. É difícil acreditar que esta articulação tenha sido desenhada e detalhada somente dentro das fronteiras hondurenhas, pois teria que haver uma convergência de interesses realmente sensacional, já que, ressalte-se de novo, tudo se deu sem uma gota sequer de sangue derramado.

Mas, como a esperança é o motor desta América Latina, do golpe de estado hondurenho fica o sonho de, um dia, e de forma um pouco diferente, podermos incluir políticos nas rubricas de exportação. Acho que nenhuma Constituição nunca previu tal dispositivo, mas seria interessante:

“Art XX – Caso o ocupante de cargo público, eleito ou nomeado, em qualquer tempo, tiver sua conduta reprovada por uma pesquisa de um instituto de opinião qualquer, por três meses consecutivos, será imediatamente deportado, para país a ser sorteado no momento do embarque, no primeiro dia útil subseqüente à conclusão da pesquisa e sua publicação em qualquer veículo de informação.”

Uma sociedade que atingir o ponto de poder escrever um artigo deste em sua Constituição estará num estágio realmente muito maduro. De uma tacada só resolvem-se vários problemas.

Mais sumário e menos maduro que isto, vira Honduras.

Fail in love

People who speaks a lot of languages say that German has a word for everything. Portuguese spoken people love it's complexity and the way you can express too many feelings with accuracy. In the other hand, there are those who think that English is of low complexity and sintethic. Good for business, but bad to describe situations.
Since I've been reading, talking and trying to understand English for so many years, I would like to inform that I really don't know if it's better to describe a morning walk around as "morgenspaziergang" ou "passeio matinal", but seems to me much easier to say, if it's 7:00 a.m., that "I'm gonna walk around for a while". The English expression has the exactly meaning of what I want to do. I won't martially walk over public gardens on a predetermined route, like the german expression suggests. Neither I will be going to a morning sightseeing event, like the Portuguese version, in a rare disciplined interpretation, leaves me believing.
Other quite precise English expression is "fall in love". Sounds perfectly. Much more than be "apaixonado", for instance. 
Love can be nice, love is a noble feeling, but when you "fall in love" all the risks related to that kind of relationship with other person are automatically understood. If you find yourself "fell in love" you know you are in a situation that can be wonderful, but has some traps. Is there any expression like this one in Portuguese, French or German ? I doubt.
Once, paying attention to  the lyrics of a blues, I suddenly realized that the expression "fall in love" was being replaced by "fail in love". Perfect.
To love a woman brings you risks, if you are really "fallen in love". But the riskiest thing is to fail, when you don't want to.
I failed in love so many times that now I believe it's a characteristic of my behaviour. But it makes me feel so bad, that I learned that the worst risk of falling in love could be failing in love.
Those who fail pays the price, alone, in a deep mourning, that can lasts minutes or ages. But, for sure, is painful, it hurts more than any other injuries due to a broken relationship.
And now, just to put an end to this self-indulgence small text, I would like to ask: If I wrote in Portuguese, the meaning would be the same ? For sure, not. That's why sometimes I pay my tribute to English. It's the language that express better complex situations in a sudden, short, and - why not ? - shocking straight beautiful expression. 
  

sábado, 27 de junho de 2009

Valentino é 100 !!!

Hoje, no circuito de Assen, na Holanda, Valentino Rossi conquistou sua centésima vitória. Não, não foram todas na Moto GP. Esse número foi atingido desde as 50 cc. Isto diminui o mérito de "The Doctor" ( o verdadeiro codinome dele nas pistas...nunca ninguém o chamou de Bambino d'Oro, como insistiram aqui no Brasil) ? Claro que não. Afinal, o sujeito deu pouco mais de 200 largadas na vida.. Ou seja, um percentual de 50% de vitórias !!! E, se somarmos os pódiuns, o percentual do Valentino é de quase 75% !!!
Me digam se houve algum fenômeno do esporte a motor mais eficiente, pois gostaria de conhecê-lo. De cabeça, lembro de alguns.
Nas motos, tivemos Giacomo Agostini e o incrível Mike Hailwood. Este último, nem tão dominante quanto os dois italianos já mencionados, foi o único que ganhou os mundiais de 125 cc, 250 cc e 500 cc no mesmo ano !!! Mike, the Bike, era seu apelido.
Na Fórmula 1 tivemos Schumacher. Na Nascar alguns loucos conseguiram atingir mais de 80 vitórias, como por exemplo o Dale Earnhardt, Sr. 
Mas ganhar 50% das provas que largou ?
Para entender Valentino seria necessário escrever algo mais que poucas linhas. Filho de motociclista, popular no mundo todo, italiano que emigrou para Londres mas nunca deixou de honrar seu país, herói na Honda, Ducati e na Yamaha, tatuado, cheio de brincos, simpático, que anda na rua de moto sem segurancas, e antes tarde do que nunca, estudante ocasional de medicina. Mas será por esta última característica que vem seu apelido "The Doctor" ? 
Seus adverários na pista devem ter a resposta.
Parabéns, Valentino. O panteão dos esportes a motor tem lugar de honra para você.