domingo, 31 de janeiro de 2010

Uma Fórmula 1 para muitos

2010 pretende ser um marco da aproximação da Fórmula 1 de um público maior. Muita coisa aconteceu: trocas de pilotos, volta de Schumacher, criação de uma nova equipe de fábrica ( nova e velha ao mesmo tempo, a Mercedes), entrada de mais três equipes e, para variar, mudança no regulamento.
De tudo isso, acho que quatro aspectos merecem destaque.
O primeiro é a volta de Schumacher. Esta foi tipicamente para atarir público, embora o maior vencedor da F1 de todos os tempos tenha se aposentando de forma um pouco precoce. É inegável o apelo de Schumacher voltando a correr com feras como Raikkonen, Alonso, Button, Hamilton, Massa, Vettel e Kubica. Não tão feras quanto ele, Schumacher, mas que estão em pleno ritmo. Schumacher deixa de lado as experiências meio dolorosas com motos e a participação em eventos festivos para encarar de novo 1 hora e meia de pista em ritmo forte. Acredito num Schumacher forte e que até deve ganhar corridas, mas não acredito num Schumacher dominante. Acho que ele deve experimentar algumas posições intermediárias nos grids de largadas. Mas não me convençam que a dupla Brawn-Michael não pensará muito sobre a novidade do ano, que aproveito o ensejo, para começar a explicar o que penso.
Os carros estão sendo apresentado com grandes novidades aerodinâmicas. Ferrari e McLaren seguiram caminhos distintos na parte de cima do carro e parecidos na parte de baixo. A Mercedes não pode ser analisada. O carro mostrado nada mais era que um modelo 2009 com pintura nova. A Renault mostrou um carro semelhante à McLaren. Por baixo, por mais que as fotos estivessem proibidas e os difusores escondidos, acho difícil que a solução se diferencie da "sacada Brawn" de 2009, logo facilmente adaptada pela Red Bull, copiada com algum sucesso pela McLaren e sem sucesso pela Ferrari. Além disso, o conjunto aerodinâmico dianteiro de todos parece, com algumas diferenças pequenas com o que a Red Bull fez em 2009. Na parte superior, a McLaren, no entanto, inovou. Mudou as tomadas de ar para os radiadores de dimensão e posição e colocou uma barbatana que alguns carros já exibiam em 2009, mas que, nesse ano vem radical, quase engolindo o aerofólio traseiro. A carenagem do motor é diferente. Por causa das tomadas de ar redimensionadas, a McLaren não pode "enclausurar" seu motor num espaço restrito. Logo a parte traseira da McLaren tem mais aletas para conduzir o fluxo de ar e a Ferrari adotou a solucão "Red Bull 2009", com uma carenagem que quando se vê, mal se acredita que ali  dentro vai um V10 de 3 litros. A Renault foi no meio termo: colocou a super-barbatana e afunilou a carenagem traseira.
Acho que o espírito de Colin Chapman pode aparecer nessas mudanças, mas me chama mais atenção o terceiro ponto que gostaria de abordar: em 2010 não haverá reabastecimento.
Com isso os carros largarão com peso alto, maior que em 2009, e consequentemente exigindo mais do piloto e pneus. No primeiro terço de uma corrida, os tempos serão altos e vai valer quem conseguir ser rápido e poupar equipamento, coisa que esses detalhes aerodinâmicos, a menos que alguma inovação tipo Colin Chapman apareça, deverão incrementar pouco a performance. Nos dois terços seguintes, vai valer muito os pneus escolhidos, o estilo de guiar do piloto e aí sim, a aerodinâmica entra em cena, pois os tempos começarão a abaixar. Essa mudança no regulamento me parece muito mais importante na concepcão de um projeto e de estratégia de corrida que barbatanas e assemelhados. Isto porque a possibilidade de ajustar o equilíbrio de peso do carro conforme a pista vai valer e muito no acerto final.
E os tanques de combustível são uma espécie de lastro variável, que começa pesado e, deseja-se, termine muito leve, sem prejuízo do equilíbrio. Quem matar essa charada vai sair na frente. E. dentro dos carros ninguém viu ainda.
Por fim, o aumento das equipes. Lotus, USF1 e Campos entram aumentando o número de carros. Sinceramente, creio que as três farão figuração. A Lotus ( que não tem nada a ver com a antiga Lotus, só o nome) vem mais capitalizada, mas sem tradição em competições de ponta. A USF1 é uma daquelas tentativas de Bernie Ecclestone te atrair público no Estados Unidos. Trata-se de uma equipe tão esquisita que a FIA teve de vistroriar circuitos nos Estados Unidos, escolhendo um no Alabama, para a USF1 "economizar" nos testes pré-temporada. A Campos, que tentou usar o Bruno Senna como jogada de marketing, já declarou que não tem dinheiro nem para pagar os chassis Dallara...Dallara ??? Bem, vejamos a aventura do empresário espanhol Adrian Campos em que pode terminar.
As opções deste ano então são maiores em tudo. Em estratégia, em pilotos candidatos ao título, em equipes, em solucões e no desenrolar das corridas. E é uma temporada longa cheia de corridas que só serão vistas pela TV, como China, Malasia, Bahrein, Abu Dhabi. Vamos conferir se a F1 reverte a tendência de desinteresse dos últimos três anos

Um comentário:

  1. Se eu, que escrevi algumas coisas sobre F1 ontem, já fiquei 'velho', você que publicou no domingo... De lá pra cá: Schumacher testou muito bem e já à frente do companheiro de equipe; Campos - que fez acordo com Toni 'A1GP' Teixeira, estará no Barém, mas não se sabe se correrá o resto do campeonato; a Stefan GP, que quer a vaga da Campos, vai levar todo seu equipamento para o Barém, mesmo sem estar inscrita no campeonato; ainda não se sabe nada sobre um monte de equipes, mas a primeira novata apresenta o carro amanhã: Virgin; a Ferrari parece que superou o terrível 2009 e está na briga; o que aprontará Adrian Newey?

    Em resumo, teremos muito assunto pela frente.

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